quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Uma viagem ao deserto



  Django Django, álbum de estreia  do quarteto escocês homônimo de indie rock formado em 2009 pelos músicos David Maclean (bateria), Vincent Neff (vocais e guitarra), Jimmy Dixon (baixo) e Tommy Grace (sintetizador), foi lançado em 30 de janeiro de 2012, e, segundo a revista Rolling Stone, foi um dos melhores trabalhos do ano. A banda pode não ter atingido um reconhecimento internacional imediato, em especial no Brasil, mas parece ser uma das grandes apostas para 2013. 
   O disco começa com "Introduction", faixa instrumental com camadas eletrônicas bem arranjadas e que já adianta parte do que será ouvido a seguir. A peça é prolongada até emendar em "Hail Bop", mantendo batidas semelhantes encadeadas por uma letra que evoca paisagens oníricas, cenários etéreos, esteticamente adequados ao estilo psicodélico. A partir do instante 0:30, evidenciam-se as particularidades com o eletrônico, especificamente com o duo australiano Empire of the Sun. O intrigante design da capa complementa o vínculo da imagem à música: nela, não há quaisquer referências ao nome da banda, ou mesmo do álbum, aspecto que sempre me chamou mais atenção do que a utilização desses dados em capas convencionais. 
   A abundante herança deixada pelas décadas de 1960 e 1970 para o art rock e o rock psicodélico é investida de maneira consciente, além de um toque mágico de Kraftwerk.  Adicionam-se vocais sintetizados de aparência robótica e o resultado é apresentado em "Default" em variações techno. "Firewater", a canção seguinte, por outro lado, tem uma melodia mais simples e próxima ao rock sem que para isso seja necessário o abandono do sintetizador. Dançantes batuques anunciam as experimentações de "Waveforms", até se amaciarem em um refrão um pouco mais lento e deliciosamente eletrônico, fórmula reutilizada em "Zumm Zumm", sexta faixa do disco.
   Além das já citadas, destacam-se "Life's a Beach", e a sedutora "Skies Over Cairo", instrumental que no próprio nome revela a inspiração na música árabe, distorcida por ondas futuristas e vozes harmônicas ao fundo. "Silver Rays", surpreendentemente, denota uma semelhança com os veteranos do The Beach Boys.        
   O álbum permanece coeso durante suas treze faixas ao apresentar uma proposta atemporal de ambientação sonora, totalizando quase 50 minutos de uma viagem lisérgica a um deserto sem fim em um planeta distante, possivelmente em uma galáxia a centenas de anos-luz de distância. E com satisfação - e, por quê não, um retorno? - garantidos. 





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