terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Proteja-se



  Confusion is Sex, de 1983, foi o primeiro disco do hoje consagrado grupo nova-iorquino de rock alternativo Sonic Youth, cuja formação contava na época com Thurston Moore (vocais e guitarra), Kim Gordon (vocais, guitarra e baixo), Lee Ranaldo (vocais e guitarra) e Richard Edson (bateria). Detentora de uma bagagem de influências que partem do The Velvet Underground até John Cage, passando por The Stooges – de quem regravou a cruciante “I Wanna Be Your Dog” – a  banda consolidou-se como uma das maiores de seu gênero ao criar uma música  complexa e peculiar. 
   Os indícios uma confusão iminente são expostos em “(She’s in A) Bad Mood”: tilintares metálicos, ruídos abafados, afinações alternativas para as guitarras abrasadas de Moore, Gordon e Ranaldo. A letra escassa, composta praticamente por um só refrão, ganha voz aos berros, intercalada por solos ensurdecedores. A voz hesitante de Kim Gordon comanda os vocais da segunda faixa, “Protect Me You”, que demonstra eficácia ao declarar um ambiente lúgubre  e nebuloso, à lá ensaios de porão. “Freezer Burn/ I Wanna Be Your Dog” mantém-se constante em seus riffs frenéticos até eclodir em uma explosão de cacofonia. 
   Em meio aos experimentalismos de “Shaking Hell”,  “Inhuman” e, de modo mais evidente, “Lee is Free”, há pérolas como “The World Looks Red” e “Kill Yr. Idols” (de onde provém o título do disco). Não é preciso dizer que as intercaladas “Confusion is Next” e “Make the Nature Scene” são intragáveis – o som de unhas sendo arranhadas em um quadro negro provavelmente seria menos agressivo à audição. 
   O uso do termo noise rock nunca foi tão abrangente e significativo. Confusion is Sex  concerne um rol de invenções artísticas das quais as pessoas comuns nem desconfiam da existência; é o universo underground em matéria bruta, crua, suja e barulhenta. Poucas bandas tiveram uma estreia tão ousada e diligente – quase científica. As opiniões da crítica especializada ficaram divididas: a AllMusic classificou-o como “ótimo”, enquanto a Blender atribuiu-lhe duas míseras estrelas, de um total de cinco. 
   Apesar de o álbum não ter tido grandes ambições comerciais, esse continua a ser um dos trabalhos mais originais do Sonic Youth, imune ao risco de ficar datado, diferentemente da maioria do material produzido nos anos 1980, de maneira geral.  Diversos recursos foram experimentados na “fabricação” de faixas, mas nenhum que permitisse a identificação imediata do ano em que foi feito. 
   Inspire-se, enlouqueça, ouça: só para se certificar de que o resultado é GENIAL. 


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