sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Aquele dia...


   Until When We Are Ghosts, lançado em 2005, é a bem-sucedida estreia do cantor e compositor de folk-rock norte-americano William Fitzsimmons. Dono de uma voz agradável e de uma incrível habilidade para arranjos em violão, o músico se sobressai como um dos grandes talentos de sua geração. 
   Por vezes romântico, melancólico e até nostálgico, o álbum encanta graças à sutileza com a qual trata de assuntos tão delicados, como culpa (em “My Life Changed”,) e suicídio (em “Kylie”), respectivamente, sexta e oitava faixas do disco, em meio a letras envoltas por belas poesias. Encare-o como uma cabana aconchegante em meio a um bosque, onde se pretende ficar por tempo indeterminado, até que o mundo lá fora pareça equilibrado. Há um desejo imutável de evasão do eu-lírico para um passado recente, onde as ramificações de seus sentimentos e relações interpessoais formavam redes menos complexas e de curto alcance. Como a opção para uma fuga temporal não está disponível, a saída é seguir a estrada para fora de sua cidade até que se deparar com algum ponto onde ninguém o conheça. Esse enredo é tecido em “When I Come Home”, a quarta música do CD. Quem já ouviu + (2011), de Ed Sheeran, será capaz de estabelecer algumas comparações e influências, principalmente pelo single "The A Team". 
   As três primeiras faixas desenvolvem-se gradualmente, e em “Passion Play” (cuja introdução é um lindo solo de violão de pouco mais de um minuto de duração) e “Candy”, ouve-se um suave vocal feminino de apoio. É raro ver artistas conseguirem tanta relevância e maturidade em seu primeiro trabalho, e, felizmente, esse é o caso de Fitzsimmons. As melodias são tão brandas que nos fazem querer, literalmente, morar em uma dessas canções, penetrar a mente de seus personagens (que não são diferentes de nós) e se deixar acariciar pelos acordes. 
   A música de Until When We Are Ghosts inclui-se no grupo que ministra uma impressão muito próxima à depressão. A situação apresenta leve mudança de humor em “Funeral Dress” (ironicamente), com um ritmo um pouco mais rápido, mas ainda distante de ser animada. Não que isso incomode o ouvinte mais acostumado e profundo apreciador do gênero singer/songwriter. 
   Enfim, esse é o disco para quem quer sentir e encontrar tranquilidade e paz de espírito, em um dia frio, nublado, acompanhado por um chocolate quente. Não há pedida melhor. 





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